quarta-feira

Elogio à desistência

Jardim Gonçalves quis retirar a OPA ao BPI quando viu os primeiros sinais de insucesso, mas o seu delfim, Teixeira Pinto, quis que a operação fosse até ao fim e morresse no mercado. E assim foi. Agora, na AG de anteontem, o mestre quis blindar os estatutos do BCP, em nova colisão com o sucessor. Quando olhou para os presentes na sala e viu que lhe vetariam o tal ponto 8, retirou-o da discussão.

Independentemente da relevância empresarial do caso e dos méritos e desméritos dos protagonistas, estes episódios de Jardim Gonçalves - que para muita gente denunciam sede de poder pessoal, desorientação e pejorativa desistência - fizeram-me pensar mais uma vez na nobreza inerente ao acto de desistir.

Desistir, quando já se lutou, é um acto inteligente de quem não pretende desperdiçar mais energia. Devíamos elogiar a desistência, mas não. Por mera inércia intlectual, ninguém se lembra de polir esse acto que fomos enublando ao longo dos tempos. E por isso é preciso termos cada vez mais coragem para praticarmos um feito tão lúcido como desistir.

1 comentário:

chuva miudinha disse...

Está visto que mesmo entre a Opus Dei não estão todos de acordo. Por um lado e em primeiro lugar a publicitação de um Bancoda Opus Dei a auq Paulo Teixeira Pinto deu demasiada publicidade e abriu muitos apetites - para que deixe de ser.

Por outro lado nada pior para um pai que ver um filho a definhar - BCP. Indo até ao fim com a OPA falhada, Paulo Teixeira Pinto expôs o BCP, ele próprio, a uma OPA exactamenete do BPI ou mais concretamente de La Caixa. Só há dois remédios ou blindar os estatutos - que quer fazer Jardim Gonçalves ou fazer subir as acções.

Claro que os Senhores 2 e 4% preferem que sejam as acções a subir para fazerem mais valias. Jardim Gonçalves preferia o Banco em mãos portuguesas.

Mas não desistiu - foi chamar amigos !