sábado

Prá semana há mais

Acabei de ouvir na Renascença que Zita Seabra já não vai apresentar o tal projecto de arquivamento dos processos por "crime de aborto", alegando que a ideia inicial foi transformada numa "manobra táctica político-partidária". Logo de manhã, na SIC Notícias, tinha sido a vez de Marcelo Rebelo de Sousa se demarcar do projecto do que era, alegadamente, um dos progenitores. Além de ser comovente esta ingenuidadeZita, é este mais um exemplo do jornalismo que fazemos, quase todos, eu frequentemente incluída. É o prato do dia. Os partidos alinhavam um projecto e passam-no a um jornal como decisão tomada. Nós, na ânsia de uma cacha, avançamos sem medo. A notícia sai e cumpre a sua função: provocar a avaliar as reacções. Claro que a decisão de avançar com o dito projecto era ainda muito remota e, feito o teste, acaba muitas vezes no caixote. E então? Então nada. As fontes são anónimas, ninguém se compromete e amanhã (ou prá semana) há outro jornal. A informação e o serviço público não se cumprem, claro. E então?

4 comentários:

Anónimo disse...

e então não se admirem de haver cada vez menos leitores. Ser enganado é cansativo.

dina disse...

Tem toda a razão.

Pedro Correia disse...

Pois é isso mesmo. Puseste o dedo na (nossa) ferida.

Anónimo disse...

E depois, se necessário, até assobiamos para o lado e dizemos que a culpa não foi nossa. Que tinhamos de fazer e que ninguém quis dar a cara, mas que tinhamos mesmo de fazer.