É mais um clássico quando se debate a descriminalização do aborto. Cheios de comiseração, os partidos da direita clamam perdão na terra para as pobres pecadoras, garantido que está o fogo eterno. Freitas do Amaral, Rosário Carneiro e a sua parceira de enclave na bancada socialista, Marcelo Rebelo de Sousa e Pires de Lima, todos avançaram com propostas de arquivar, perdoar, suspender a pena, subsituí-la por uma lavagem ao cérebro, enfim.
A versão 2006/2007 passa por arquivar os processos em curso. Uma espécie de amnistia. Mais ou menos como se fez para as FP 25, por exemplo. Recusam-se a mudar a lei mas depois têm-lhe tão pouco respeito que não hesitam em propôr a toda a hora (ou pelo menos todos os Outonos, quando a questão é discutida), que a lei que tanto defendem seja desrespeitada. Isto, para já não falar do absurdo de o órgão legislativo pretender ordenar aos tribunais que arquivem os processos. Então e a separação de poderes, onde é que fica?
José Sócrates tem maioria absoluta, tem um referendo legalmente inválido e feito há mais de oito anos, tem uma promessa eleitoral que até tentou cumprir não uma mas duas vezes, porque é que não muda a lei já e acaba com esta palhaçada de uma vez por todas? E depois cada um seguirá a sua própria consciência.
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1 comentário:
Brilhante! Este post explica tudo muito bem.É exactamente esse o ponto: hipocrisia e comiseraçãozinha... e imobilismo.
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