...daqueles que reproduzem cartas, entre gente que se reconhece pela amizade.
Seria incapaz de comprar um desses livros de Correspondências. Por pudor, talvez. Acontece que me ofereceram uma dessas obras, justamente a que publica cartas trocadas entre Sophia de Mello Breyner e Jorge de Sena - e eu venero os dois poetas. Pûs-me, então, a ler as cartas.
São documentos 'sensitivos' trocados entre dois amigos poetas. Vão falando do Portugal passado (?) e das suas loucas e desgastantes vidas. Jorge e Mécia de Sena pelo mundo; Sophia e Francisco Sousa Tavares no país e em viagens avulsas. Tenho pena que a edição (Guerra&Paz) seja tão cuidada: apetece-me sublinhar, riscar, anotar...
Depois de uma viagem, diz Sophia: "Há também na Grécia uma atmosfera extremamente primitiva, um misto de doçura e de austeridade, de afinamento exacto e de rudeza. (...) O que ali há, além de tudo o mais, é uma intensa felicidade de existir que nos lava de tantas feridas".
[Todos precisamos disso.]
terça-feira
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3 comentários:
É assustadora a actualidade de escritos mais antigos. Lembro de várias notas de Pessoa, por exemplo.
Tantos anos de história e parece que não evoluímos nada. Mas, por acaso, até evoluímos. O universo andará cá por muito e longos milhões de anos, tempo suficiente para afinarmos a essência humana.
Mas bem que podíamos fazer um bocadinho melhor todos os dias.
sublinha, risca (não muito...), anota, que os livros são para isso mesmo, para serem vividos, gastos, revisitados sempre que nos apetecer. Sempre achei que essa também era uma forma de lhe darmos vida, um bocadinho da nossa vida, numa espécie de partilha.
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