terça-feira

Sementes de violência

Li-o há muitos anos. Era um livro ingénuo, baseado na teoria de que as crinças todas as crianças anseiam por uma oportunidade para mostrar o seu lado bom.
A reportagem da RTP sobre uma escola portuguesa deixa-me as maiores dúvidas. Alunos que agridem e insultam professores e colegas. Pais que culpam os professores e chegam mesmo a agredí-los. Alunos que têm medo de ir à escola. Professores que têm medo de ir à escola. Pode ser-se tolerante com este grau de violência?

4 comentários:

escola de lavores disse...

Não, não pode. Mas como se chegou aqui? É preciso percebe-lo para inverter o percurso.

(não vi a reportagem, mas conheço casos desses; tens toda a razão)

Pedro Correia disse...

Sementes de Violência: também li o livro há muitos anos. E vi o filme. De acordo: tudo muito bem intencionado, mas plenamente desajustado à realidade dos nossos dias.

Anónimo disse...

A escola não pode ser o caixote de lixo da sociedade e o problema não se resolve sentando um professor em cima da tampa pª o lixo não saltar e incomodar quem está cá fora, paizinhos incluídos.
O problema é que nos está a saltar a tampa a todos.
Como é que se chegou até aqui?
Não é de agora, é de sempre: É DE CASA; agora agravado c/ diferenças culturais e c/ a falta de expectativas.

Fui criada no medo e não no respeito e, em 1967/8, por cada "falta de castigo" no meus 1º e 2º ano (actual 5º e 6º)1967/68 levava uma valente tareia, mesmo assim esgotei o nº possível de faltas de castigo sem ser explusa. Fiz o liceu c/ média de 14, naquele tempo dispensava-se às orais c/ 14. Não era das piores.

Adorava o meu liceu e os colegas, era a minha evasão, um espaço de normalidade.
Tive bons e menos bons professores, tudo normal como na vida. Usava botas de borracha e tinha o dinheiro à conta pª a camionete e, na minha equipa de ping-pong e ringue estavam colegas que iam de mota ou de motorista pª as escola.
Chorei quando acabou.

Olá Miss Patrício e Prof. Vidigal (Inglês)! Prof Virgínia Vaz (Português)! Prof Guerreiro (Matemática)! Viva Maxa Espexífica (Física-Química)! Olá Prof. Egípcia (História)! Miss Baleia (Geografia)!
Obrigada a todos os que me aturaram e me ensinaram.

Esqueci-me de um promenor: apanhavam-se faltas de castigo por falar na aula, por usar casaco por cima da bata (tinha que se tirar), ter as saias curtas (descosiam-nos as bainhas) ou ser apanhado a fumar no intervalo (ora fartem-se lá de rir).

Não é dizer "no meu tempo é que era bom" mas tenho consciência que era uma semente que só não germinou em violência por causa daquela escola onde fui mto feliz.

Fui professora provisória na década de 80 e já fui ameaçada c/ cadeiras e furos nos pneus. Fui directora de turma e foi um choque quando, ao 3º postal enviado, um pai foi à escola só para me dizer que não enviasse mais postais.
Tinha alunos que se alimentavam só de caldo de farinha e café (na então chamada cintura industrial de Lisboa).
A escola era o início de um escombro ao lado da linha do comboio.

Nessa altura eu (ou seríamos todos?) devia ter feito alguma coisa.
O que fiz foi deixar de ser professora.

Eu e todos nós temos culpa.

Anónimo disse...

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