domingo

E se varressemos a televisão

A entrevista de Alexandra Lucas Coelho ao historiador António Hespanha na Pública deste domingo vale para reflexão sobre quem somos como povo e que país fazemos. Recortes:

"Ousados somos nós várias vezes (...) Ousados foram os emigrantes portugueses dos anos60 que saiam daqui para Paris sem saber uma palavra de francês, iam a salto. (...)Uma ousadia de milhares emilhares, envolvendo mais gente do que no período aúreo dos Descobrimentos. Qual a diferença enttre as duas ousadias? Uma deu visibilidade, do ponto de vista mundial, trouxe riqueza e fama. A outra trouxe também riqueza, mas aos bocadinhos, repartida pelos pobres."

"Este país é uma porcaria para a maior parte dos portugueses e é um país óptimo para uma pequena parte. (...) A capacidade de cada um mudar o país é mínima. O que nos resta fazer é o melhor pelo país, no nosso canto. (...)A maior parte acha, e tem razões para achar, que o país é uma porcaria porque é o mais pobre da Europa, o mais injusto e é dos países onde, por razões não só económicas mas até culturais, a maioria tem menos poder de modificar as coisas".

"O nosso pessimismo não tem alibi histórico. Estabeleceu-se um modo de vida caracterizado pela irresponsabilidade, mas é uma irresponsabilidade de quem manda. (...)Irresponsabilidade é quando cai uma ponte e ninguém é responsável, quando faltam os deputados mas com umas justificações manhosas já se arruma tudo..."

"A memória hoje é muito volátil, está sujeita a um bombardeamento intensíssimo. Uma semana de televisão varre toda a História"
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1 comentário:

susana disse...

A irresponsabilidade é o que me mata...a irresponsabilidade de não ver ao longe e fazer tudo a pensar nos trocos de amanhã. O que se passou com o Fundo Social Europeu, h´´a uns anos, é sinal disso.