sábado

Ser liberal

Um destes dias tive de explicar modestamente a um adolescente o que era isso de ser liberal, liberalismo, etc e tal. Seria fácil se eu fosse um programa de jogos de computador, ou um cómico tipo Ricardo Araújo Pereira. Assim, tentei ser simples, clara e curta na explicação. A coisa saiu mais ou menos assim:
- liberais são os adeptos da economia de mercado, não querem o Estado em quase nada, o mercado é que dita as leis - depois 'rezei' para que ele não me perguntasse porque é que o Estado intervem para ajudar bancos privados.
- liberais são aquelas pessoas que entendem que, conquanto não se prejudique outrém, os indivíduos têm direito às suas escolhas, sem tabus: as mulheres direito a abortar ou os homossexuais a casar.
Complicado mesmo, foi explicar que uns e outros (quase sempre) não jogam no mesmo campo. Vinte anos atrás teria sido muito mais simples...

1 comentário:

Luís Serpa disse...

Cara Luísa,

Como sou um liberal, posso dar uma ajuda, se quiser, claro. Não vou é falar em nome dos liberais, por razões mais ou menos óbvias.

a) Acho que ajudar os bancos foi uma asneira que terá consequências graves mais tarde; e que não os ajudar (pelo menos alguns deles. O BPN, por exemplo, foi nacionalizado por razões que nada têm a ver com o mercado) teria consequências mais graves ainda, agora. Entre os dois a maioria dos Governos tomou uma decisão mais ou menos compreensível: ser liberal não significa que se aprecie ver milhões de pessoas no desemprego, ou crises sociais (por muito criativas que sejam). Significa que achamos que há outras maneiras de se evitar essas crises, mas isto é outra história;

b) Pessoalmente, defendo o que diz quanto ao aborto e ao casamento dos homosexuais - se bem não o faça entusiasticamente, por razões de ordem moral - ser liberal não é ser destituído de valores morais e éticos). Mas há uma coisa à qual me oponho firmemente: é que o aborto seja pago com o dinheiro dos contribuintes.