quarta-feira

Directos

Ao disponibilizar ontem em tempo real no seu site a mensagem de abertura do ano judicial de Cavaco Silva, a presidência da republica contribuiu para demonstrar como estão a mudar as formas de transmissão da informação. A rádio e a televisão que acompanhavam o discurso em directo só serviram para quem ainda não vivesse com a internet (e há ainda quem o faça) ou, no caso televisivo, quisesse assistir à encenação do acontecimento. Porque naquela altura, quem estivesse verdadeiramente interessado no discurso do PR, poderia conhecê-lo mais rapidamente através de um clique. Ontem, já não eram apenas os jornalistas no local que tinham o discurso na mão mas qualquer um que acedesse à página da PR.
Qual a vantagem dos directos ? Seguramente, não para a transmissão da mensagem. Pode ter na digestão dos discursos através da recolha das reacções e dos comentários mas o que se passa normalmente é que só os discursos são transmitidos em directo. E, na maioria destes casos, o que depois é noticiável resume-se a uns poucos parágrafos. O jornalista apagou-se entretanto, e sem filtro o protagonista fala, fala, fala transformando o media num simples veículo de transmissão de propaganda...ou seja, a negação do papel do jornalista.
Reconheço que a minha posição não é consensual mas está lançado o debate...

2 comentários:

Anónimo disse...

vou-lhe enviar por "meile" as gravuras
porca da politica
democracia descendente

peregrino51

Vítor Soares disse...

E não basta a transmissão da actualidade em directo para que o efeito surpresa funcione. Aliàs, já é tempo de acabar de vez com o mito rangeliano da "rádio em directo", tal é o uso e abuso que se tem feito do conceito. Para além de já quase nunca surpreender (são as conferências de imprensa na hora dos telejornais, são as declarações previsíveis, são as entrevistas de circunstância), quando se justifica, e na falta de grandes repórteres, o directo em rádio (e já agora também em televisão), tende a ser formalmente pobre e a fazer apelo às emoções mais primárias, quando não é, pura e simplesmente, idiota.

O enquadramento desta passagem pode ser lido aqui:

http://infoinclusoes.blogspot.com/2008/02/as-trs-palavras-chave-para-reinveno-da.html

VS