segunda-feira

O discurso que não foi feito

Algumas coisas que não gostei de ouvir ontem à noite do lado dos opositores da despenalização do aborto:
Quando o clima for mais propício faremos um novo refrendo.
É preciso interpretar o significado do abstenção
Não é pacífica a ideia de que a lei deve ser mudada.Os constitucionalistas devem avaliar a situação.
O Presidente da República não deve promulgar a lei.
O Governo deve dar às grávidas que tenham os seus filhos o montante equivalente ao que é gasto em cada interrupção da gravidez.
Estamos muito preocupados com o a criminalização do aborto depois das dez semanas

Algumas coisas que gostaria de ter ouvido ontem à noite do lado dos opositores à despenalização:
Lamentamos a opção dos portugueses, não concordamos mas aceitamos democraticamente os resultados.
Se em 1998 o que contou foram os votos expressos, agora não faz sentido vir acenar com a abstenção.
O Parlamento tem que respeitar a vontade política dos portugueses e o Presidente também.
O aborto não deve ser opção e tudo faremos para que ninguém se veja obrigado a incluir o aborto no seu leque de escolhas.

3 comentários:

Zuc disse...

Taux d’abstention lors du referendum 1998 : 78%
Taux d’abstention en 2007 : 56,4%
Alors deux poids, deux mesures??!!

rps disse...

Se bem percebi, no final disto tudo há aqueles para quem a vida é um valor absoluto desde o momento da concepção (a não ser que um malandro viole uma inocente ou a criancinha não tenha perninhas ou tenha dois narizes) e aqueles para quem a vida é um valor absoluto a partir das dez semanas e um dia de gestação.

Entretanto, fiquei com a sensação de que os adptos do Sim festejavam o julgamento e possível prisão de mulheres que abortam depois das dez semanas.

Dirim disse...

Não cheguei a ouvir a da realização de um novo referendo.... efectivamente, há coisas extraordinárias. Mas eu acho que o governo deveria dar às grávidas muito mais do que se prevê gastar numa IVG. É que, se as coisas forem colocadas unicamente em termos financeiros, dar à luz e criar uma nova vida é muito mais caro do que interromper uma gravidez....
rps: não senti nada disso do lado do Sim. A questão das 10 semanas foi sobejamente explicada. Teria sempre que haver um limite de tempo, e o que se encontrou foi justificado por diversos sectores. Nunca esteve em causa a liberalização do aborto, mas sim a sua despenalização, até às 10 semanas, a pedido da mulher grávida e quando realizado em estabelecimentos de saúde autorizados.