[post de quinta que, por questões técnicas, só hoje consegui inserir]
Entrei na Igreja de Benfica às 19h, a propósito de uma missa de sétimo dia do pai de uma amiga-irmã. “Tanta gente numa missa a um dia de semana, a esta hora!”, pensei assim que entrei. Estimei cerca de 60 pessoas, quase todas com ar de habitué. Sub-40 devíamos ser apenas dez. E sub-30, só detectei duas mulheres.
O pai da minha querida amiga chama-se Afonso, com A. Na minha ingenuidade egoísta pensei ser o único a homenagear, mas era apenas o primeiro de uma lista ordenada por ordem alfabética. Mais de 20 pessoas ligadas a Benfica morreram na passada quinta-feira. A demorada nomeação incluíu (mais do que uma vez) casos como “X e esposa” e “Y e familiares”, rementendo o nosso imaginário para imagens trágicas em que casais deixaram filhos órfãos ou acidentes em que nenhum membro da família sobreviveu.
Mas a maior tragédia é que afinal, eramos tão poucos esta tarde na Igreja de Benfica…
NOTA: Durante todo o dia alucinei de stress, para poder estar, a horas, ao lado da minha amiga neste momento difícil. Enervei-me, chorei às escondidas, e estive quase a desistir de lá ir.
Há tarefas laborais que podem esperar. Podemos até morrer, que alguém as fará por nós. Mas na amizade, somos insubstituíveis. Houvesse mais pequenos gestos destes (que só podemos fazer enquanto estamos vivos) e talvez ninguém mais morresse só – nem familiares, nem amigos, nem nós próprios.
Marisa
domingo
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