“A visão médica contemporânea é essencialmente misógina porque encara a mulher como ser incompetente. O modelo é baseado no patriarcado, uma estrutura social misógina, que coloca a mulher num patamar decisório e político inferior. (…) A sociedade é regulada por pressupostos masculinos. E o parto, evidentemente, vai reflectir uma sociedade misógina. Mesmo que seja controlado por mulheres. Uma mulher obstetra reflecte o modelo em que está inserida, e não a sua essência feminina”.
Seria absolutamente a favor do parto humanizado se houvesse a garantia que um parto corre sempre bem… sem dor e sofrimento para a mãe e, sobretudo, para o bebé. Fiquei a pensar nisto depois de ler uma entrevista na revista Pais & Filhos a Ricardo Jones, obstetra humanista. Ele é brasileiro e já fez 2000 partos, dos quais apenas um com anestesia. O conceito assenta em respeitar a natureza feminina, devolver à mulher a capacidade que ela tem: parir (o termo é mesmo este) com tudo o que isso afecta. Segundo este movimento, o poder deveria estar concentrado nas mulheres e não nas mãos dos médicos. Os partos deveriam ser onde a mulher se sente bem, normalmente em casa. Tudo o que é artificial é contestado: desde epidural, cesarianas, episiotomia, fórceps, etc... Com todo o respeito pelos defensores deste movimento, esta conversa só me faz lembrar a expressão “seja o que deus quiser”. Por mais que psicologicamente uma mulher esteja preparada para o parto, não depende (apenas) dela, da sua motivação e do seu optimismo que as coisas corram 100% bem. Não é um dado adquirido. E não sendo, não consigo abraçar este conceito. A minha experiência correu muito bem, com ajuda da epidural. Não me sinto incompetente, nem menos mãe por isso.
segunda-feira
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3 comentários:
Ó minhas amigas, eu sou fã das cesarianas com epidural. E não me venham cá dizer que parto é só com dôr. Tretas ! Sou totalmente a favor dos métodos que permitam parir sem dôr. Já basta a dôr de cabeça que se segue....
Eu acredito que o senhor julgue ser um conhecedor por ter assistido a mais de 2000 partos. Ainda assim, tenho para mim que nada como tê-los efectivamente. A ver se a perspectiva não mudava... pois, pois, com a dor dos outros posso eu muito bem.
Sofredoras? Não obrigado!
Resposta de Pilar del Rio, jornalista numa entrevista brilhante a Ana Sousa Dias.
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