segunda-feira

Cherchez la femme

Cerca de doze horas antes da hora marcada, Carmona Rodrigues avisou os vereadores da Câmara de Lisboa de que a reunião marcada para discutir e votar o orçamento da Câmara estava adiada por uma semana. A decisão - talvez menos intempestiva do que aparenta - é bem o sinal do desgoverno que se vive na Câmara. Depois de ter rompido a coligação com Maria José Nogueira Pinto, Carmona caiu em si e percebeu que sem aliança não haveria orçamento. Ela, matreira, fez saber que pedira, por carta, o adiamento da reunião e ele, envergonhado, lá adiou. PS, PCP e BE garantem que não queriam o adiamento. Não o pediram nem vão mudar o voto por causa dele. mais uma vez, está tudo nas mãos dela.
Enquanto isso, o PS vai dizendo umas vezes que colabora, outras que não, umas vezes que é oposição responsável, outras que Jorge Coelho é que era bom para presidente... não se percebendo muito bem o iria Coelho fazer para uma Câmara que - se a conseguisse ganhar - teria que governar com a oposição sistemática da Assembleia Municipal, onde o PSD tem a maioria.
No meio de tanta confusão, o que parece fazer mais sentido é mesmo a teoria segundo a qual Marques Mendes não desdenharia substituir Carmona Rodrigues. Desastre por desastre, na Câmara Mendes sempre teria o palco que lhe falta e talvez conseguisse não desaparecer de vez. Quem sabe, a toda poderosa Maria José Nogueira Pinto não lhe daria o seu apoio, na mira de arrecadar munições para outras guerras que adivinha lá mais para a Primavera, depois do referendo sobre o aborto.

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