O maior problema da sociedade portuguesa é o da auto-educação. Falta-nos a capacidade de criar valores, de ler o mundo. Passivos, optamos pelo "andar a ver andar os outros". Esquecemo-nos de que somos nós que criamos a nossa vida. Esperamos que tudo nos caia do céu. Desiludidos, nem conseguimos identificar os obstáculos e os problemas, que não são resolvidos por não chegarem a ser equacionados.
Eduardo Lourenço soltou este diagnóstico, de forma natural, à saída da conferência da Gulbenkian sobre a crise de valores. Durante 20 minutos falou com os jornalistas que questionaram a responsabilidade dos políticos. Resposta: Eles hoje não são filósofos, como no tempo de Platão, são gestores da realidade mais imediata. São também filhos da depressão, não são mais culpados que os outros, todos são responsáveis, os eleitores também na medida em que são eles que os escolhem. Não é uma banalidade mas uma conquista. Um dos problemas da Democracia é essa tendência desresponsabilizante.
Só uma educação responsabilizante consegue fundar uma escola de liberdade e não de passividade em que cada um cria o seu sentido de vida e não o entrega a Deus.
Ainda a propósito de religião
Para Eduardo Lourenço a despenalização do aborto não é uma questão moral mas sim prática. É um problema urgente de ordem social que não deve convocar razões racionais ou religiosas. O aborto em si é uma tragédia mas a criminalização das mulheres é um absurdo porque não há valores de ordem transcendente que a justifique.
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5 comentários:
"Esquecemo-nos de que somos nós que criamos a nossa vida".
-À mon avis un raisonnement "passe-partout" qui mérite que l’on s’y attarde un peu.
Si non, mon Dieu, comme ce serait facile.
AB
O Eduardo Lourenço é um tanto chato, bastante, até, mas acho-o interessante. E, na maioria das vezes, como é o caso, acabo por concordar com ele.
Exactamente numa coluna de esquerda do blog do rps uma lista links onde figura mesmo o link da "escola de lavores":
O link para um blog intitulado "Mein Kampf". Estranho.
AB
Outra peróla de Eduardo Lourenço: os grandes portugueses são os que passam pela vida sem serem magoados e sem magoarem ninguém.
e, alguém, lamentavelmente, escuta o Eduardo Lourenço que tem dissecado tão bem esse 'ser português'?!
Parece que, de vez em quando, até os jornalistas o descobrem...
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