Argumentam os defensores do referendo à lei da procriação medicamente assistida que a questão não fazia parte dos programas eleitorais. Que mesmo votando num qualquer partido, os cidadãos não são obrigados a subscrever todas as medidas propostas por esse partido. Que a procriação medicamente assistida coloca uma questão de consciência.
Começo pela última. Se é uma questão de consciência, a consciência não se referenda. Cada um age de acordo com a sua.
Quanto a não concordar com tudo o que um partido propõe - mesmo que seja o partido no qual se vota - é adorável que nunca tenham reparado que o que é normal é que qualquer semelhança entre o que é prometido em campanha e o que é feito durante o mandato seja pura coincidência. Os referendos diários resolveriam o problema??
A acusação de recorrer ao argumento salazarista da ignorância para ser contra o referendos, é tão demagógica (pois não acredito que seja ingénuo), que nem merece resposta. Falam de "campanhas esclarecedoras".... Pois. Alguns reformados da política talvez pudessem falar agora da sua experiência em "campanhas esclarecedoras".
Por fim, o exemplo, invocado por alguém que agora não me recordo, dos Estados Unidos é mesmo a cereja em cima do bolo. Metade dos americanos não votam. Não estão sequer recenseados. Pretender agora invocar o exemplo de democracia popular nos Estados Unidos é mesmo o último dos argumentos.
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1 comentário:
Dina
respondo aqui ao teu comentário porque só agora o li no corta-fitas.
Eu não acho que esteja mais habilitado para votar uma lei destas. Também acho que quando foi votada 90 por cento dos deputados que a votaram não sabiam o que estavam a fazer. Limitaram-se a assinar de cruz. Mas a minha questão não era essa. O meu problema, e se calhar é mesmo um problema, é que esse argumento me causa arrepios. Já foi usado neste país para fazer muita coisa errada e pouca coisa bem feita.
E o no meu post inicial sobre o tema, a PMA era uma questão acessória. A minha intenção era denunciar a forma como os partidos de poder usam esse poder. POrque me lembro que há uns meses ficámos todos até às 11 da noite no Parlamento porque o Governo se atrasou na entrega do OE. Pela proposta do Governo o senhor Jaime Gama esperou. Pela proposta de um grupo de cidadãos o sr JG aplicou a lei... Como o outro dizia há umas centenas de anos, "para os amigos tudo, para os outros a lei".
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