quarta-feira

Indirectos

Pedro Rolo Duarte, hoje, no DN propôe o "direito ao indirecto": "o direito a ter dos canais de televisão um tratamento jornalístico dos factos, e não apenas uma sequência de directos emocionais e emocionados." Eu alargo a sugestão às rádios e se houver uma petição, assino-a. Esta coisa de pôr um jornalista a fazer de pé de microfone é a anulação completa da sua função mediadora. É sobretudo tempo de antena para o protagonista, até porque o directo raramente fica para as perguntas, que cada vez são mais raras. Deixou-se de questionar a pertinência do directo. É às 8, faz-se. Até porque os outros vão fazer. É a pescadinha de rabo na boca.


[a propósito de directos]

*Na última declaração de Cavaco Silva ao país - às 20h - que todos (televisões e rádios) deram em directo, os jornalistas não puderam entrar na sala. Acabaram a fazer a entrada e o fecho numa sala ao lado. Alguém notou a diferença ?

* Situação caricata deu-se no anúncio da candidatura presidencial de Manuel Alegre, no Altis. O sorteio da ordem das perguntas causou confusão porque só as televisões estavam no lote das três primeiras. As rádios, que tambem faziam directo, foram chutadas para a quarta em diante. Alegre falou e no momento das perguntas, ninguém avançava. As televisões, como já não estavam em directo, apesar da ordem estabelecida, já não tinham questões...

4 comentários:

luisa disse...

é como dizes: a pescadinha de rabo na boca! ou, nos jornais, poder fazer-se notícias com base: "então? conte lá o que há de novo?..." e assim, 'temos' uma cacha...
é por isso que o jornalismo anda tão desinteressante!

a questão que se impõe é saber o que nós, jornalistas, míseros assalariados, nessas circunstâncias que descreves, podemos fazer pela dignidade do nosso trabalho?

rps disse...

De acordo. Fim aos directos!

Anónimo disse...

Ou é impressão minha ou muita gente só agora começa a acordar para as limitações jornalísticas da "rádio em directo". Esquecendo as glorificações que, em tempos, fizeram das teorias do E. Rangel.

rps disse...

Bem dito, sr. anónimo.
Por acaso, nunca entrei nas glorificações do sr. Rangel. Mas também nunca vivi no "mellieu" jornalístico lisboeta, onde esse homem que hoje se horroriza com as agências de comunicação foi tão idolatrado...