terça-feira

A propósito de 'libération' de Serge July

Serge July foi forçado a demitir-se da direcção do diário francês Libération, que dirigia e de que foi co-fundador.
A crescente quebra de vendas determinou o acumular de prejuízos até ao insustentável. Emblemático de um certo tipo de jornalismo e memória da geração de Maio de 68, o Libé teve de ceder ao soro capitalista, numa injecção de capital que recebeu em Janeiro de E. Rothschild. Apesar disso, duvido que, mantendo o seu estatuto, o Libé sobreviva.

Lamento dizê-lo mas, na sua maioria, os meios de comunicação social são muito mal geridos.
Sim, sobretudo em Portugal.
Há proprietários que detêm media porque sim, dá status e poder de influência; há também os que têm a curtíssima visão do 'merceeiro', que apenas quer fazer dinheiro a todo o custo. Os primeiros cedem facilmente aos directores megalómanos, que fazem brilharetes sem olhar a gastos; os segundos, não fazem ideia da diferença entre fazer jornais e vender t-shirts de contrafacção na feira.
Aos gestores, sobretudo, mas também aos responsáveis operacionais de muitos meios, falta-lhes know how de gestão, falta saber sobre o tipo de negócio que são os media, falta conhecimento do mercado, dos públicos e das tendências.
Nada está imune à chamada globalização e aos seus efeitos mais perversos - concorrência feroz e nivelamento 'por baixo'. Mas enquanto os protagonistas deste business prosseguirem na mesma toada, 'quem se lixa é o mexilhão'. A 'capitulação' de Serge July é só um pequeno exemplo do risco que corremos.

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